VIOLÊNCIA E FICÇÃO
Hoje quero chamar atenção não só para a violência que nos cerca na atualidade, mas também para a violência que ocorre na ficção, não quero aqui fazer apologia, apenas quero questionar e fazer com que as pessoas reflitam.
Em “celebridade, novela de espantoso sucesso vimos cenas de violência na qual a personagem Maria Clara (Malu Mader) esbofeteia Laura (Claudia Abreu), na atual” Senhora do destino “, a cena se repete com a surra que Maria do Carmo (Suzana Vieira) da em Nazaré (Renata Sorah) , para o grande publico foi o auge das duas novelas”.
Agora aqui entre nós...Qual a função da violência nos clássicos, na literatura, nas novelas que através de tempos tem sido guia para o desenvolvimento psicológico e espiritual do homem???Quando este ato de pura violência ocorre no palco ou na tela, um suspiro de alivio percorre a platéia, portanto deve existir algo em certas formas de violência que satisfaz uma necessidade dos seres humanos, algo que não pode ser completamente “mau”.È algo que deve ser encontrado nos contos dos irmãos Grimm, nas tragédias de Shakespeare assim como nas de Èsquilo, e Sófocles.
O êxtase estético da violência na grande literatura coloca o homem frente a frente com a sua própria mortalidade, pois a morte é um ato violento, e a vida esta repleta de atos violentos.O nosso próprio nascimento, as lutas necessárias entre pais e filhos, a lancinante separação de alguém que amamos, tudo isso são experiências em que ocorre inevitavelmente violência física e psicológica. Um dos serviços que a violência nos presta depois de lermos ou vermos representada no palco uma tragédia , é freqüentemente desejarmos caminhar sozinhos para meditar sobre ela.Experimentamos o que Aristóteles chamou de Catarse da piedade e do terror, e ansiamos por saboreá-la.È algo que não só nos coloca mais perto de nosso próprio centro, mas também paradoxalmente, nos faz apreciar melhor os nossos semelhantes.
Nas tragédias de Shakespeare ou Eugene O´Neil, se desvenda um nível de experiência mais profundo do que na comédia.Os gregos resolveram o problema fazendo com que a violência tão abundante nas tragédias de “Èdipo”, “Medéia”, e outras tivesse lugar fora do palco.Em Shakespeare e Melville, por outro lado, a violência ocorre no palco, mas é exigida pelo significado estético do Drama, essa é a diferença entre drama e Melodrama (Como nos atuais programas de tv, novelas que capitalizam a violência como tal).Em Macbeth, Hamlet, e Antígona, a violência é exigida para a integridade estética do drama . na tragédia não só experimentamos a nossa mortalidade, mas transcendemo-la, os valores que importam destacam-se mais claramente.Não experimentamos a pura e desenfreada violência que ocorre quando vemos na televisão paquistanesa, orientais sendo traspassados á baioneta , cabeças sendo decapitadas, o que não passa de uma perversidade horrenda que teríamos pagado qualquer preço para poder evitar.
Somos todos criaturas efêmeras :Viemos ao mundo, lutamos, e vivemos durante um certo período de tempo e logo, como a grama, definhamos e a nossa fúria “Contra a extinção da luz” terá então, se não um efeito mais pratico pelo menos um significado mais profundo.Embora a morte sempre ganhe empiricamente, tanto na novela, como na literatura e na vida, o homem triunfa espiritualmente em virtude dos atos com que transforma a experiência em aspectos culturais, como :A arte, a ciência e a religião.
E é isso, e....Beijos que já me tchau!
Eder Marçal
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