

O OUTRO: ESSE DIFÍCIL
O diferente é o outro, e o reconhecimento da diferença é a consciência da alteridade: A descoberta do sentimento que se arma dos símbolos da cultura para dizer que nem tudo é o que eu sou e nem todos são como eu sou.Homem e mulher, branco e negro, senhor e servo, civilizado e índio...
O outro é um diferente e por isso atrai e atemoriza.È preciso doma-lo e, depois, é preciso domar o espírito do dominador o seu fantasma: Traduzi-lo, explica-lo, ou seja, reduzi-lo, enquanto realidade viva, ao poder dizer quem são as pessoas e o que valem, umas diante das outras, umas através das outras.Por isso o outro deve ser compreendido de algum modo, e os ansiosos, filósofos e cientistas dos assuntos do homem, sua vida e sua cultura, que cuidem disso.O outro sugere ser decifrado, para que os lados mais difíceis de meu “eu”, do meu mundo, de minha cultura sejam traduzidos também através dele, de seu mundo e de sua cultura.Através do que há de meu nele, quando, então, o outro reflete a minha imagem espelhada e é às vezes ali onde melhor eu me vejo.Através do que ele afirma e torna claro em mim, na diferença que há entre ele e eu.
Mas a mesma diferença necessária ao entendimento é a razão do conflito, ou é o que se inventa para torna-lo legitimo, quando inevitável.Sobretudo quando do conflito entre diferentes desiguais um estende sobre o outro o poder de seu domínio.A história dos povos repete seguidamente a lição nunca aprendida de que grupos humanos não hostilizam e não dominam o “outro povo” porque ele é diferente.Na verdade, tornam-no diferentes para faze-lo inimigo.Para vence-lo e subjuga-lo em nome da razão de ele ser perversamente diferente e precisar ser tornado igual: “civilizado”.Para domina-lo e obter dele os proveitos materiais do domínio e, sobre a matriz dos princípios que consagram a desigualdade que justifica o domínio, buscar fazer do outro: o índio, o negro, o cigano, o asiático, um outro eu: o índio cristianizado, o negro educado, o cigano sedentarizado, o asiático civilizado.Todos que são na minoria dos diferentes ou na maioria dos dominados, revestidos do verniz civilizatório daquilo que às vezes se simplifica enunciando que equivale a penetrar na cultura ocidental, o lugar social adequado á identidade mais legitima.Eis ai um dos segredos do lidar com a diferença que nos vai acompanhar daqui para frente: reduzir a vida, a ordem ancestral de trocas do mundo do outro e todos os sinais possíveis de sua cultura aos termos da minha vida, minha ordem de trocas, meus sinais consagrados de cultura, sem dissolver, em meu proveito, a diferença étnica que para sempre nos separara.
“Somos diferentes, porem imagem e semelhança de DEUS”
Beijos que já me tchau!!!!
Eder Marçal

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