Saturday, November 26, 2005

Amor, ator, riso, lagrimas, arte, teatro



Amo a ator nas suas alucinantes variações de humor,

nas suas crises de euforia ou depressão.
Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele,
como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia,
é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente
procurando,
no seu mais secreto íntimo,
afinidades com as distorções de caráter de seu personagem.
Amo o ator mais ainda quando, depois de tantos martírios,
surge no palco com segurança, oferecendo seu corpo,
sua voz, sua alma, sua sensibilidade
para expor,
sem nenhuma reserva,
toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.
Amo o ator pôr se emprestar inteiro para expor os aleijões da alma humana,
na tentativa de que o público se compreenda,
se fortaleça
e caminhe no rumo de um mundo melhor,
a ser construído pela harmonia e pelo amor.
Amo o ator consciente
de que a recompensa possível não é o dinheiro,
nem o aplauso.
Mas a esperança de poder rir todos os risos
e chorar todos os prantos.
Amo o ator consciente de que, no palco, cada palavra e cada gesto são efêmeros,
pois nada registra nem documenta sua grandeza.
Amo o ator e pôr ele amo o teatro.
Sei que é pôr ele que o teatro e eterno
e jamais será superado pôr qualquer arte
que se valha da técnica mecânica.

Plínio Marcos

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